Quem sou eu

Minha foto
Maricá - Itaipuaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Sou poetisa, cantora, compositora e amante das artes.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Sinto imensamente a sua falta...
Árvore imensa, forte, alta que aperta
meu peito com suas mãos ramosas.
Quisera fossem rosas a dulcificar o
meu coração e a me oferecer abrigo,
ao invés dessa ausência tremenda que
me dá saudade de você, amigo!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

BOA VIAGEM (Beatriz Oliveira), em25/04/1991, para o Marcos Azeredo

Eu tive um grande amigo... Bondoso, lindo, amigo, bom filho, bom irmão... Parece perfeito, não? Pois é... Ele era tão perfeito que Deus achou melhor levá-lo pra perto de Si. E ele só tinha vinte e cinco anos...

Eu queria dizer tanta coisa...
Houve revolta, um dia, no meu poema,
E você não merecia!
Será difícil aceitar!
Suas palavras... Ainda as ouço.
Suas dúvidas... Você tem certeza agora?!
Não perca a sua fé!
Todos os que amam você
Estarão, sempre, socorrendo sua alma!
Todos estaremos, sempre, nos lembrando.
Todos continuaremos te amando,
Porque você foi único em nossas vidas!
Ninguém como você,
Jamais cruzará os nossos caminhos!
Ninguém, como você,
Para fortalecer as nossas decisões,
Expulsar nossos medos e
Fazer-nos sorrir, mesmo na tristeza!
Ninguém, como você,
Para amar-nos com tanta ingenuidade!
Ninguém haverá, tão esperto!
Ninguém, como você,
Com tanta vontade de viver!
Ninguém que lutasse tanto pelo que desejava!
Continue desejando! Outras vidas virão!
E tenho certeza que nos encontraremos.
Obrigada pela força, amigo,
Que me deu tantas vezes.
Desculpe, se não pude, ao menos,
Dizer "adeus".
Mas eu não quero dizer "adeus"!
Por isso, digo "até logo".
Que Deus saiba guardar uma alma tão rica
E que não seja egoísta, privando-nos da sua presença.
Que Deus nos permita gozar
Da sua magnitude, em breve.
Boa viagem...

SONHOS MEUS (Beatriz Oliveira)



Os teus olhos, brilhantes como o sol,
Mutantes, como as borboletas,
São mais verdes que as esmeraldas.
Teus cabelos são cascatas frias
Que arrepiam minha pela macia,
Tendo a cor das terras mais altas.
Tua boca, rubra e vazia,
Em si, guardando magia,
Agita meus passos medonhos.
Quisera aceitar a verdade:
Minha tristeza e minha alegria
É que só existes nos meus sonhos.

O GRITO (Beatriz Oliveira)

Meu espírito revolucionário que, volta e meia, me visita e, apesar das minhas tentativas, já se faz hóspede permanente na atualidade, por enquanto.


Um grito ecoou!
Ensurdeceu o povo!
Escandalizou o velho,
Acordou o novo!
Pintou de pavor
O vértice superior.
Ensinou a luta
E a força bruta.
Dominou a terra
Com ódio e morte.
Semeou a guerra,
A arma e o corte.
Ecoou um grito...
E, por mais que se negue,
Ah! Como foi bonito!

domingo, 4 de outubro de 2009

BETÂNIA - Arthur Veronezzi




Eu sempre fui tarado numa bunda.

Podia ser qualquer uma: grande e arredondada, tipo pandeiro, pequena e meio murchinha, feito pudim de pão, daquelas gordas e rechonchudas que parece que vão te abraçar, das magras, sem muito recheio, daquelas arrebitadas, cujo olho do cú tem vontade de ver o céu, ou das caídas, que teimam em mirar o chão, daquelas que apontam pra trás, te mostrando a direção certa, ou daquelas que se espalham pros lados, assim como que querendo tomar conta do recinto. Também podem ser durinhas e firmes, feito bola de futebol, daquelas que a gente teima em amassar, mas não consegue e podem até ser molinhas, feito gelatina, daquelas boas de se deitar em cima. Celulite? Não sei do que se trata. Eu como pêssego e laranja.

Eu nunca liguei muito pro conjunto. Uma mulher, pra mim, sempre se resumiu a uma bunda. Não, não pense que eu sou machista. Todas as minhas namoradas são extremamente inteligentes, mas são bundas inteligentes. Eu não consigo me desvencilhar dessa coisa. Não conseguia. Até quando eu os vi.

Veja bem, eu estava na minha, sentado na areia de Camboinhas, viajando na beleza do mar, quando resolvi me esticar pra pegar um sol. Ao me deitar, pude ver, na altura do rosto, uma coisa linda. Uma coisa cheia de curvas perfeitas e anatômicas, desenhadas pra minha boca. Uma coisa branquinha e macia, com cinco apêndices homogêneos, levemente aninhados na areia.

Fixando os olhos, pude ver que não era uma, mas duas coisas lindas. Eu não sei o que me deu. Eu, simplesmente, me virei e disse, quase abocanhando: “que pezinho mais lindo”. A dona, naturalmente assustada, puxou-os pra debaixo da cadeira, onde eu quase não os podia ver. Tive, então, que olhar pra ela. Nada ruim. Meio branquela demais pro meu gosto, mas até que tinha um rosto bonitinho. A bunda. “Eu preciso ver a bunda dela”, eu pensei. Mas ela não se levantou. Só fixou o olhar reprovador no meu olhar.

_ Desculpe-me. Estou apaixonado pelos seus pés. Eu nunca vi pés tão perfeitos...

_ Você é maluco, é?

_ Não. Eu... Eu... Eu sou designer de sandálias. – Meti essa lorota, sem a menor vergonha na cara. Cara, você não está entendendo, eu precisava tocar naqueles pés. Afinal, o que mais me chamava atenção numa mulher, eu não podia ver, porque a diaba não se levantava.

_ Pfuh... Designer, é?

_ Éhhh... Eu estou fazendo um modelo que vai ficar lindo no seu pezinho...

Com uma carinha não muito convencida, ela esboçou um sorriso e eu perguntei seu nome.

_ Pra quê você quer saber o meu nome? Você está apaixonado pelos meus pés. Os nomes deles você já sabe.

_ Muito engraçado. Como eu vou conversar com a dona dos pés, se eu não sei o nome dela? Vai soar mal educado, não acha?

_ Já soou, querido. Você quase atacou o meu pé, né?

_ Você tem razão. Você tem toda razão. – Tive que pensar rápido. – Pensando bem, eu vou deixar você em paz. Talvez eu encontre outra modelo pra minha sandália nova... Desculpe, hein... Tchau... Estou indo...

Fui-me afastando, meio sem vontade. Depois de alguns passos, senti a mãozinha delicada dela no meu ombro esquerdo.

_ Ei, designer. Tá bom, eu te perdôo, pela péssima abordagem.

Ui, ela estava de pé. Agora podia ver sua bunda. Ao me virar, meus olhos foram atraídos pelos diabinhos brancos. As unhas curtas e bem feitas, davam aparência de umas frutinhas querendo ser lambidas...

_ Nossa, você gostou mesmo do meu pé.

_ E como se chama a dona deles? – Eu insisti, sorrindo.

_ Betânia. E você?

_ Sidney. Sidney Leão, a seu dispor.

Bem, depois disso, levei Betânia pro quiosque, onde conversamos sobre a possibilidade de ela ser modelo de pés. À noite, a levei pro barzinho. Dois dias depois, pro estúdio fotográfico de um parceiro. Não pergunte das fotos, meu amigo disse que ficaram péssimas. Mas, graças à minha lábia que, modéstia à parte, já era treinada para as bundas, em duas semanas Betânia já estava enfiando o pé na jaca, quer dizer, na minha boca e eu lambi e chupei aqueles dedinhos como se fossem carolinas recheadas com sorvete de baunilha. Muitas e muitas e muitas vezes... Sem nem ligar muito pra bundinha de Betânia.

Desde então, a bunda passou a ocupar um lugar secundário nas minhas preferências. Eu olho direto pros pés da moça depois, eu olho pra bunda, que agora já tem que ter algumas qualidades. Os pés, não. Se forem magros, ou cheinhos, com dedos longos ou curtos, rebeldes ou uniformes, angulosos ou redondinhos, tanto faz. Também não me importa a cor, lambo e me delicio com qualquer um. Mas se forem branquinhos como os de Betânia, ganham meu pau e meu coração. Betânia. Betânia dos pés mais lindos do mundo, com sabor de carolina recheada.

A merda foi quando ela pediu pra ver as fotos. Eu consegui enrolar um tempo, dizendo que só os produtores podiam ver, afinal eles é que iam escolher qual pezinho calçaria a tal sandália, que nunca existiu. Mas Betânia não era burra, pra meu azar. Betânia... Tão educada, que foi sumindo lentamente, sem sequer eu perceber. Quando eu achei que a tinha pego pelo pé, ela foi sumindo devagar, como o restinho da onda que vai escoando pela areia branca e volta pro fundo do mar.

terça-feira, 22 de setembro de 2009


COMO DIREI?
Beatriz Oliveira
Como direi que te acho lindo, se mal consigo te olhar nos olhos e estremeço quando em tua presença?
Como direi que te desejo, se meu melhor momento de intimidade contigo é tocar tua fotografia?
Como esquecerei a maciez do teu toque, se meu coração dispara ao lembrar da tua mão escorrendo pela minha?
Como direi a mim mesma que é impossível te beijar se teu sorriso me abre a alma e enleva o meu espírito?
Como poderei dizer “não” se, contra a minha vontade relativa, meu corpo inteiro grita: "absolutamente sim”?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

APOLO /Beatriz Oliveira/



Apolo dança e me olha, como se dançasse pra mim. Como se a minha sede do seu corpo lhe embriagasse.
Não, Apolo não é mau. Só é menino. E a meninice pode ser má, vez por outra. Maldade inocente, se é que isso existe. Inconsequência... Apolo não pensa no ardor da minha alma, nem na dor do meu coração.
O coração maduro é frágil, como uma fruta madura.
Apolo dança sobre o meu coração e faz dele vinho.
E eu bebo...
Boba...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009



Se você está infeliz numa situação, mude e pague o preço.


Mas se quiser continuar como está, seja lá porque motivo for,


aguente como homem e não reclame.


Ninguém é obrigado a ouvir as suas lamúrias!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

MICHAEL JACKSON














Eu não era fã do Michael Jackson. Eu gostava do som, mas não tinha um disco seu sequer. Apesar de admirar o seu grande talento, sempre reservei os bancos dos ídolos aos cantores da MPB. Eu também não tenho discos de Simply Red, Steve Wonder, Mariah Carey...
Devo dizer, entretanto, que a partida de Michael mexeu comigo. Primeiro porque a música Pop perdeu um grande ícone. Não houve nenhum astro Pop como ele: arrojado, corajoso, inovador e sempre atualizado.
Depois, porque eu tinha esperança de que ele ainda encontrasse a felicidade.
Michael Jackson era, para mim, um bibelô querido ao qual eu recorria, de vez em quando. Mas, agora, o bibelô se quebrou. Confesso que a ficha ainda não caiu. Eu fico vendo todas essas pessoas falando dele como se fosse uma aberração e não um ser humano que definhou sob o peso de tanto sofrimento.
Hão de perguntar: “A morte absolve as pessoas?” Eu digo que não. Penso que o que absolve as pessoas é o fato de serem humanas.
Nós jamais saberemos ao certo se ele realmente cometeu abusos contra crianças, se cometeu, mas, se cometeu, me admiram os pais das crianças receberem dinheiro e se calarem.
Acho que há muitas pontas soltas nessa colcha de retalhos. Acho também que há pessoas tão famosas quanto ele ou completamente desconhecidas que fizeram ou fazem coisas semelhantes ou piores, mas que nós simplesmente desconhecemos ou não queremos ver.
Penso que o pequeno Michael deve ter-se trancado numa cova escura e fria para fugir das visitas noturnas do pai, de seu assédio moral, da perda da infância e que o palco fosse o único momento real de felicidade para ele, embora sendo fantasia. A única coisa que tirava o pequeno Michael da sua solidão eram os flashes.
A verdadeira família de Michael de Michael eram os seus fãs. Quando cantava e dançava para eles, sentia-se amado e valorizado, forte, até invencível, mas “sua família” confundiu o grande Michael Jackson com o pequeno Michael e o abandonou. Seu último disco não emplacou um só sucesso e ele voltara para a solidão.
Bem, como fruto de sua vida desregrada ou de sua própria natureza íntima, Michael Jackson está, agora, trancado numa cova escura e fria, sozinho, como sempre esteve, a vida toda. Só que com uma diferença: os flashes não podem tirá-lo do seu sono profundo e eu espero, sinceramente, que ele durma em paz.

segunda-feira, 29 de junho de 2009


UMA NOITE
(Beatriz Oliveira)

Tudo o que lhe peço é uma noite.
Uma noite de ilusão e fantasia
Em que você me ame e eu lhe ame
Com profundidade e maresia.
Sei que não sou digna do seu abraço,
Nem do seu olhar sobre o meu corpo farto,
Mas levarei você ao paraíso,
Se me der uma só noite no seu quarto.
Farei de você um príncipe menino
A ter satisfeitas todas as vontades:
Sorrisos, brincadeiras, doces,
Carinhos, segredos, inverdades...
Olharei para o homem belo
E pensarei lhe impor mil tormentos
Que lhe farão meu, por gosto.
Farei apimentados todos os momentos
De boca, língua e dedos ágeis.
Beijarei, sem pressa, sua pele toda,
Fazendo arrepiar seus pelos frágeis
E tremer seus músculos, de ansiedade.
Tocarei sua alma com minha paixão desvairada,
Numa noite. Uma noite só. A noite inteira.
Percorrerei seu corpo de cima a baixo
E vice-versa, com os olhos, com as mãos,
Com o que você pedir.
Me envolverei em seus cabelos, desesperada,
Pelo seu toque e pelo seu sexo, até você sucumbir.
Poderá ser claro ou escuro o quarto, você decide.
Poderá ser doce ou angustiado, súdito ou rei.
Qualquer coisa que pedir, eu farei.
Eu serei a sua Eva,
Pecadora, condenada e perdida num eterno açoite,
Que há de se transformar num belo verso.
Uma noite...
É só isso que eu lhe peço.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

QUE HOMEM? (Beatriz Oliveira)


Que homem tu és?
As palavras borbulham na minha mente.
Peri? Dante? Homem-Aranha?
Selvagem, perdido, indiferente...
Quisera um canto do teu pensamento,
Quiçá, teus olhos nos meus.
Promessas de político em campanha
Ou espírito de luz em arrebatamento...
Que homem tu és, que me importa?
Leva-me, antes que morra o meu coração,
Que anda cansado, o pobre,
De tão apáticas mouquices.
Leva-me pra sempre em tua pele,
Em tua boca, me revele
Leva-me por um sem fim de sons e,
Mesmo mouco,
Caminhando nessa vida, feito um louco,
Será como se me olhasses e me ouvisses.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

MOEDA DE BRONZE (Beatriz Oliveira)















Na primeira vez que vi a moeda,
Meus olhos se fixaram e
Minha boca, em queda, murmurou:
“Que lindo...”
Senti meu coração se abrindo
Para a riqueza do novo,
Para uma nova visão.
O belo leva a evoluir!
E admirar você faz
Do belo em mim erupção.
Sinto a ambição,
Através do tato dos meus olhos,
Nas moedas de bronze no seu peito.
Sinto-me fêmea sob o seu olhar tranqüilo...
Fêmea indócil, salivando na intenção
Do sabor do seu pequeno mamilo.

terça-feira, 16 de junho de 2009

SEU CHEIRO (Beatriz Oliveira)



Eu gosto de cheirar seu hálito, enquanto te beijo.

Gosto de sentir a mudança de quando

O perfume vai cedendo lugar ao suor.

Eu gosto de cheirar seus braços, sua barriga...

Suas coxas e virilha.

Gosto de cheirar seu sexo.

Finjo-me, nessa hora, uma loba feroz,

Guiada pelo puro instinto.

Gosto demais da conta

De como você se larga quando eu te cheiro.

Inteiro.

De parte em parte.

terça-feira, 2 de junho de 2009


Salmo 8:1
Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, tu que puseste a tua glória dos céus!

Salmo 8:2
Da boca das crianças e dos que mamam tu suscitaste força, por causa dos teus adversários para fazeres calar o inimigo e vingador.

Salmo 8:3
Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que estabeleceste,

Salmo 8:4
que é o homem, para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?

Salmo 8:5
Contudo, pouco abaixo de
Deus o fizeste; de glória e de honra o coroaste.

Salmo 8:6
Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:

Salmo 8:7
todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo,

Salmo 8:8
as aves do céu, e os peixes do mar, tudo o que passa pelas veredas dos mares.

Salmo 8:9
Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra!

quarta-feira, 27 de maio de 2009






PENSAMENTO POSITIVO
(Beatriz Oliveira)

Nos últimos anos, tenho ouvido muito falar na “força da atração” e no poder do “pensamento positivo”. Confesso que tenho dedicado grande parte do meu tempo a tais práticas. Tenho ouvido músicas com mensagens positivistas, tenho evitado falar mal da minha rotina e das pessoas que me cercam, além de sempre dizer, quando me perguntam, que está tudo bem, apesar de muitas vezes não estar.
Acho que, na verdade, o que vem mudando é a minha relação com os problemas, não os problemas em si. Acho, também, que encontraram mais uma forma de tirar dinheiro do povo, vendendo livros, mandalas, quadros, CD’s e outras bugigangas que falam sobre a “força da atração”.
Tornando-me ao mote deste texto: ontem, ao ir para o trabalho, passei por um menino negro, de uns oito anos de idade, que estava dormindo na calçada, ao lado de um lindo canteiro de plantas, à frente de um maravilhoso prédio de classe alta, em Icaraí, no município de Niterói.
No chão, onde ele dormia, ainda havia uma área molhada de um líquido esbranquiçado. Parecia creolina. Meus olhos marejaram diante da cena aviltante e passei a me questionar, mais uma vez sobre as razões do nosso Criador. Ato contínuo, passei a questionar se aquele pequeno saberia o que é “pensamento positivo”.
Será que essa criança teve oportunidade de saber o que é a força da atração? E se teve, será que, ao precisar cheirar cola, pra não sentir fome, ele pensa em como a vida é bela e Deus é bom? Como será que esse menino se sente ao ter que se deitar no chão da rua ao ficar cansado de perambular, sem destino? Será que ele se diverte e acha graça de ter que implorar por uns trocados pra ter direito a comer um doce ou tomar um sorvete, coisas tão comuns aos nossos filhos? Será que sabe o que é dignidade?
Ao pensar nestas questões, eu me envergonho de ser humana e me pergunto: nós sabemos o que é dignidade?
(27/05/2009)

terça-feira, 28 de abril de 2009




Minha vida anda repleta de universos

que se rasgam e depõem nos meus versos,

quais profetas, muito mais que embriagados,

cheia de sorrisos e de planos,

como se conhecesse os segredos dos arcanos,

ainda tão velados...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Às vezes, nós não percebemos

as nossas qualidades
porque

conhecemos muito profundamente

os nossos defeitos.

(Beatriz Oliveira)

quarta-feira, 22 de abril de 2009




A etérea essência das emoções

embota a mente que pensa,

envolvendo o corpo numa aura de rendição

que me faz intensa.

(Beatriz Oliveira)



Muito Intensa
(
Fátima Guedes)
Por você


Eu raspo pernas, raspo braços

Passo perfume de alfazema

Batom suave

Oferenda dos meus lábios

Um rito, um sensual poema

No poema eu ando nua

Toda rósea, toda etérea

Toda sua.

Você pensa que eu sou fácil

Muito intensa, muito dócil,

Muito grácil ...



Quem nunca chora é como quem nunca ri:

Vive a vida pela metade e

nunca se conhece por inteiro.

(Beatriz Oliveira)

terça-feira, 21 de abril de 2009

JARDIM NEGRO (Beatriz Oliveira)


Há rosas negras no meu jardim.
Toda madrugada, antes de o sol nascer, eu me preparo para um novo dia, pintando-as de branco, azul, amarelo e vermelho.
Quem visita o meu jardim, elogia as cores vibrantes das minhas rosas, sem saber que são pinturas, artificiais. Eu sorrio e agradeço a gentileza, mantendo o sorriso trêmulo a já se desfazer.
Também visito jardins coloridos e percebi, ultimamente, em vários deles, o negrume em algumas rosas mal pintadas. Penso que a juventude me embotava o olhar e eu, freqüentemente, pensava que só eu tivera a estupenda idéia de colorir meu negro.
Percebo, hoje, que há rosas negras em todos os jardins e que ninguém nota o meu sacrifício porque todos estão preocupados com o seu próprio sacrifício.
Que pretensão a minha, achar que eu era tão especial e tivera sido escolhida pela escuridão!
Todos fomos escolhidos, a exercitar a colorida luz.
Então, eu pinto delicada e minuciosamente as rosas, colorindo o meu jardim negro, fazendo-o falsamente luminoso, a despeito da negrura da minha casa e atendo os visitantes no portão.
Ninguém pode entrar!
Quem entrou, não gostou...
Ninguém mais pode entrar...!!!

sábado, 14 de março de 2009

FORÇA (Beatriz Oliveira)


Força sempre é para montanhas!

Preciso dizer isso aos que me cercam.

Vez por outra é preciso chorar e arder,

A despeito da força que virá a seguir.

Seguir é para humanos!

Preciso dizer isso a mim mesma.

Sigam-se os caminhos que a vida propuser,

Vençam-se as batalhas que o mundo travar,

Mas tudo isso, depois de chorar.

Lágrimas fortalecem porque limpam as entranhas.

Amigos altivos, me ouçam:

Força sempre é para montanhas!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A mulher só (Beatriz Oliveira)


Enquanto o vento sopra meus cabelos,

Eu não posso percorrer meu caminho.

Procuro uma saída,

Mas tateio, sem ver,

As paredes de uma caixa de vidro.

Meus olhos se umedecem da poeira

E da dor de não poder sair.

Estou dentro de uma caixa de vidro,

No meio de uma praça,

Vendo pessoas envolvidas em suas vidas

Correrem de um lado ao outro,

Sem se importarem com mais nada.

Eu grito, choro e bato,

Mas ninguém é capaz de me ouvir...

Ninguém é capaz de me ver,

Porque estou encerrada em mim mesma

E tenho um sorriso nos lábios.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

NOITE EM CLARO (Beatriz Oliveira)


Os dois se deitam juntos. Dizem: “Boa noite.” “Boa noite.” Em três minutos, ele começa a roncar. Ela pede: “Vira de lado”. Ele vira, em ato-reflexo. Ela devolve a mão ao abdome.

Tivera um dia difícil: Levantou às seis e colocou o filho pequeno na van para a escola. Sacudiu a filha adolescente, a fim de que ela não perdesse o curso de inglês. Deu ordens à diarista. Beijou no rosto o marido e saiu.

Ralou o dia inteiro, subindo e descendo escadas, levando documentos e broncas, sempre com um sorriso no rosto. Tinha um belo sorriso. Foi cantada pelo porteiro e, pela milésima vez, se fez de desentendida. Foi cantada pela executiva que tinha uma sala em frente à sua. Fez-se de desentendida também.

Passou no supermercado. Comprou mamão, alface, detergente. O cartão não passou. Defeito na máquina. Correu no caixa eletrônico e tirou o dinheiro. Voltou e pagou a compra, sob os olhares acusadores dos outros. Não ligou. Sempre há olhares acusadores.

Tropeçou no tapete da entrada. Beijou o filho. Telefonou para saber onde a filha estava. Sala de aula. Sentou-se no sofá. O marido chegou. Ela deu banho no menino e o pôs na cama. Esquentou o jantar, mas só enrolou a alface no garfo. O marido tomou duas latas de cerveja sob o seu olhar acusador. Não devia olhar assim...

Tomou banho. Estendeu a toalha. Guardou a comida. Lavou a louça. Agora, estava deitada, cansada e sem sono. Virou pro lado e deu de cara com as costas do marido. Virou pro outro e deu de cara com o vazio. Fechou os olhos e pensou que talvez transar ajudasse a dormir. O marido roncava.

Ela tocou o próprio seio e o mamilo enrijeceu. Abriu as pernas e tocou o clitóris. Rijo também. Mas a mente estava vazia. Nenhuma fantasia. Nenhum desejo. Só a reação física ao toque. O silêncio ficou pesado. Secou os dedos molhados no lençol e ficou assim, olhando pro teto, até o dia amanhecer...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

ROUBO NO FÓRUM (Beatriz Oliveira)


Mais um caso de roubo na porta do Fórum.

Das outras vezes tudo aconteceu com pessoas desconhecidas. Próximas, mas desconhecidas. Esses cidadãos, advogados, clientes e concursados pelo Estado do Rio de Janeiro, que trabalham no Fórum de Duque de Caxias, foram interpelados por homens armados, foram ameaçados e feridos em seus corpos, em seus bens, em suas almas, várias vezes, desde que o Fórum foi colocado ali, num bairro não muito bem quisto, à beira de uma pequena comunidade.

Nada contra a comunidade que, aliás, é inofensiva. Crianças correm pela rua. Adolescentes grávidas passeiam seminuas à frente do prédio público. Barraquinhas de água de côco e de doces espalhadas pela rua. A Pensão da Bahiana, que virou self-service, acompanhando a evolução do lugar. Tem, até, aluguel de roupas, praquele cidadão incauto que esqueceu que não se pode entrar em repartições públicas vestindo bermuda.

Tem tudo, menos segurança! A cantina do pátio foi arrombada várias vezes, nos finais de semana, e o dono não prestou queixa, creio eu, pra não perder a concessão. O caminho do ponto de ônibus até o Fórum e vice-versa é uma prova de resistência ao medo e ao pessimismo. Ir trabalhar significa vencer seus limites e acreditar em Deus (mesmo que você seja ateu). E agora, nem mesmo de carro o funcionário está seguro.

Hoje, minha chefe teve seu carro “fechado”, na esquina, por outro carro. Foi retirada de dentro do seu veículo, depois de levar dois tiros (que, graças a Deus não a atingiram). Sua carona, outra amiga, levou um soco e caiu no meio-fio porque demorou a sair, quando ordenada. Eu ouvi os tiros, do posto bancário que há dentro do Fórum. Todos na rua ouviram. Os moradores foram pras janelas. Os dois policiais, que ficam baseados lá, também ouviram, mas nada puderam fazer porque não tinham uma viatura para seguir os bandidos.

Perguntas que não querem calar: Até quando a administração pública (Juiz Dirigente do Fórum, Presidente do Tribunal de Justiça e Governador do Estado do Rio de Janeiro) vai permitir que seus funcionários sejam atacados por bandidos, à luz do dia, indo e vindo de seu local de trabalho? Até quando os funcionários do Fórum de Duque de Caxias vão suportar tal insegurança e descaso?

Creio que a resposta é bem simples: até que um Magistrado (ou o próprio Juiz Dirigente) seja a vítima. Enquanto isso, colegas, rezem ao sair de casa para o trabalho porque, no que tange ao TJRJ, somente Deus é por nós.

(Duque de Caxias, 16/01/2009.)

sábado, 10 de janeiro de 2009

A ALVORADA DO AMOR (Olavo Bilac)


Um horror grande e mudo, um silêncio profundo
No dia do Pecado amortalhava o mundo.
E Adão, vendo fechar-se a porta do Éden, vendo
Que Eva olhava o deserto e hesitava tremendo,
Disse:

"Chega-te a mim! entra no meu amor,
E à minha carne entrega a tua carne em flor!
Preme contra o meu peito o teu seio agitado,
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
Abençôo o teu crime, acolho o teu desgosto,
Bebo-te, de uma em uma, as lágrimas do rosto!

Vê! tudo nos repele! a toda a criação
Sacode o mesmo horror e a mesma indignação...
A cólera de Deus torce as árvores, cresta
Como um tufão de fogo o seio da floresta,
Abre a terra em vulcões, encrespa a água dos rios;
As estrelas estão cheias de calefrios;
Ruge soturno o mar; turva-se hediondo o céu...

Vamos! que importa Deus? Desata, como um véu,
Sobre a tua nudez a cabeleira! Vamos!
Arda em chamas o chão; rasguem-te a pele os ramos;
Morda-te o corpo o sol; injuriem-te os ninhos;
Surjam feras a uivar de todos os caminhos;
E, vendo-te a sangrar das urzes através,
Se emaranhem no chão as serpes aos teus pés...
Que importa? o Amor, botão apenas entreaberto,
Ilumina o degredo e perfuma o deserto!
Amo-te! sou feliz! porque, do Éden perdido,
Levo tudo, levando o teu corpo querido!

Pode, em redor de ti, tudo se aniquilar:
- Tudo renascerá cantando ao teu olhar,
Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,
Porque a Vida perpétua arde em tuas entranhas!
Rosas te brotarão da boca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!
E se, em torno ao teu corpo encantador e nu,
Tudo morrer, que importa? A Natureza és tu,
Agora que és mulher, agora que pecaste!

Ah! bendito o momento em que me revelaste
O amor com o teu pecado, e a vida com o teu crime!
Porque, livre de Deus, redimido e sublime,

Homem fico, na terra, à luz dos olhos teus,
- Terra, melhor que o céu! homem, maior que Deus!"

ORÁCULOS (Beatriz Oliveira) - Música (Valsa)


AS CARTAS, OS BÚZIOS, AS RUNAS,

MOMENTOS DE SONHO E DE FÉ;

QUASE ROMANCES, QUASE FORTUNAS,

A VIDA SEMPRE COMO QUASE É.


QUASE INOCÊNCIA OU TOLICE, TALVEZ,

AMOR DE MENOS, SOLIDÃO DEMAIS,

EU PASSEI MUITO TEMPO ESPERANDO UM AMOR

QUE, AO QUE VEJO, NÃO VIRÁ JAMAIS.


ESTOU JOGANDO AS CARTAS NO FOGO,

ESTOU JOGANDO OS BÚZIOS NO MAR,

ESPALHANDO AS RUNAS NA TERRA,

DECLARANDO GUERRA AO VERBO “ESPERAR”.


ESTOU VIVENDO O PRESENTE DE FATO,

EXPIRANDO O FUTURO NO TEMPO,

APRENDENDO A BELEZA DA VIDA

QUE É VIVER O PRESENTE MOMENTO.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A HISTÓRIA OCULTA DA MÚSICA (Beatriz Oliveira)


-->
Desde os primórdios, o ser humano tem embalado seus sonhos, desejos e temores ao som de músicas. Obviamente, o conceito de música vem se alterando ao longo dos tempos.
Na primitividade, o som era simples e profundo, assim como a própria natureza humana daquela época. Batidas graves em árvores, pedras e metais, alternando-se o ritmo, constituíam a trilha sonora para rituais de adoração, oração e, como não poderia deixar de ser, de acasalamento.
Com a evolução humana, o som também evoluiu. Foram sendo descobertos e inventados novos instrumentos que possibilitaram o conhecimento amplo das notas musicais e de sua coerência.
Saltamos, então, aos clássicos maravilhosos como Beethoven, Wagner, Chopin, Tchaikovisky. Bebemos de suas obras, como sedentos beduínos, acompanhando a evolução dos nossos próprios sentimentos e, com ela, a popularização da música.
O homem, enfim, aprende a colocar seus sentimentos mais profundos , sublimes ou primitivos na expressão musical de seu tempo. Surgem, desta feita, Choro, Samba, Raggae, Soul, Funk, Maxixe, Rock, Blues e o Jazz. Como cada ritmo tem um a característica diretamente ligada ao comportamento humano primitivo, nota-se que o Samba, por exemplo, é pra soltar a franga, sem medo de ser feliz. Raggae e Rock pra delirar. Funk pra mostrar que a gente sabe rebolar (isso pode ser interessante quando se quer conseguir um parceiro). Blues pra chorar e por pra fora todas as tristezas, limpando a alma. E se tem um ritmo apropriado para o sexo, é o Jazz.
Ella, King, Chet Baker, Aretha, os Cole, Etta... Estes fazem, como ninguém, o tipo que chamo de “música pra comer gente”.
O som suave, as notas que parecem perdidas, mas não estão, o passeio da melodia, as modulações são representações seriíssimas dos sentimentos mais profundos e obscuros do ser humano, quando se quer amar.
Mesmo que você não esteja pensando nada disso, se Ella cantar, sua mente vai viajar por imagens de ninfas maravilhosas e de deuses apolíneos. Você vai pensar que podia estar, à meia luz, com alguém especial sussurrando em seu ouvido coisas que não se deve dizer em voz alta. E se já estiver com essa pessoa, vai notar que suas vozes vão baixando e suas mãos vão se buscando, num ato de perfeita cumplicidade e sensualidade extrema. Se estiverem a sós, então. Ninguém vai impedir o ato de entrega total.
A não ser que a música seja no vizinho e ele troque pra “Búfalo, Búfalo, Búfalo Bill”. Aí, ou você se mata ou liga a TV no Programa do Jô. Às vezes tem gente bonita pra se ver, às vezes tem música boa, já que o clima, agora, é do Canadá e você não vai comer ninguém mesmo...

domingo, 4 de janeiro de 2009

DEMÔNIOS (Beatriz Oliveira)


Há, em mim, vários demônios.

Um ama a mentira e,

Freqüentemente, avilta minha inteligência,

Com seus desejos fugazes.

Outro ama a loucura e,

Às vezes, me assalta, inesperadamente e,

Ao ver-me, já me encontro na camisa.

O outro ama a liberdade!

Esse, de vez em quando, me ajuda,

Rasgando minhas vestes.

Outro ama a minha nudez e,

Mesmo sem jeito, ao custo de cravadas,

Tenho que despir-me pra ele.

Esse é muito mau!

Não respeita o tempo, nem conhece limites e,

Quando me visto,

Ele me rasga o peito.

Há, em mim, outro demônio

Que ama a dor e,

Quando tudo vai bem, me espeta.

Então, eu sei que devo

Providenciar-me algum mal.

Há, porém, em mim,

O pior de todos os demônios:

O que ama a emoção.

Seja qual for, ele ama.

Quando minto ou me dispo,

Quando minha mente se perde,

Quando busco a folha da parreira,

Quando invento casos, acasos,

Atrasos, descasos,

É sempre quando ele me ama.

Meus demônios vivem brigando!

E os chamo “meus” porque de mim brotam.

Sou sua mãe, seu algoz, seu deus,

Sou a mão que os acaricia ou tortura.

Quando estão tristes, os acalento.

São meus filhos,

Crianças com brinquedo novo.

Não posso matá-los!

Devo dominá-los e amá-los, pois são meus.

Não ouso o exorcismo!

Há, em mim, apenas o que sou.

Se matá-los, morrerei!

Se eu morrer virão fantasmas...

Eu prefiro meus demônios aos seus fantasmas!

Demônios são anjos. Crescerão.

Fantasmas não são nada

E o nada é meu oposto.

Em mim, sou tudo de mim.

Eu amo meus demônios

E odeio os fantasmas...!

sábado, 3 de janeiro de 2009

A PAZ DO SENHOR (Beatriz Oliveira)



Tu deste calma ao mar, Jesus,
Quando era tempestade,
Fazendo vigorar tua vontade.
Faz assim, Senhor, na minha vida.
Dá paz ao meu coração.
Acalma esse mar de lágrimas.
Eu preciso, Senhor, da tua paz.
Eu preciso, Senhor, da tua paz.
Eu preciso descansar nos teus braços e sorrir.
Dá-me, Senhor, a tua paz.