Quem sou eu

Minha foto
Maricá - Itaipuaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Sou poetisa, cantora, compositora e amante das artes.

quarta-feira, 27 de maio de 2009






PENSAMENTO POSITIVO
(Beatriz Oliveira)

Nos últimos anos, tenho ouvido muito falar na “força da atração” e no poder do “pensamento positivo”. Confesso que tenho dedicado grande parte do meu tempo a tais práticas. Tenho ouvido músicas com mensagens positivistas, tenho evitado falar mal da minha rotina e das pessoas que me cercam, além de sempre dizer, quando me perguntam, que está tudo bem, apesar de muitas vezes não estar.
Acho que, na verdade, o que vem mudando é a minha relação com os problemas, não os problemas em si. Acho, também, que encontraram mais uma forma de tirar dinheiro do povo, vendendo livros, mandalas, quadros, CD’s e outras bugigangas que falam sobre a “força da atração”.
Tornando-me ao mote deste texto: ontem, ao ir para o trabalho, passei por um menino negro, de uns oito anos de idade, que estava dormindo na calçada, ao lado de um lindo canteiro de plantas, à frente de um maravilhoso prédio de classe alta, em Icaraí, no município de Niterói.
No chão, onde ele dormia, ainda havia uma área molhada de um líquido esbranquiçado. Parecia creolina. Meus olhos marejaram diante da cena aviltante e passei a me questionar, mais uma vez sobre as razões do nosso Criador. Ato contínuo, passei a questionar se aquele pequeno saberia o que é “pensamento positivo”.
Será que essa criança teve oportunidade de saber o que é a força da atração? E se teve, será que, ao precisar cheirar cola, pra não sentir fome, ele pensa em como a vida é bela e Deus é bom? Como será que esse menino se sente ao ter que se deitar no chão da rua ao ficar cansado de perambular, sem destino? Será que ele se diverte e acha graça de ter que implorar por uns trocados pra ter direito a comer um doce ou tomar um sorvete, coisas tão comuns aos nossos filhos? Será que sabe o que é dignidade?
Ao pensar nestas questões, eu me envergonho de ser humana e me pergunto: nós sabemos o que é dignidade?
(27/05/2009)

2 comentários:

Vicente Portella disse...

Pois é Bia,
São poucos os que não perderam a capacidade de se indignar com coisas assim...

Beijos pra você.

Unknown disse...

Não se envergonhe de ser humana, amor. Quanto mais humanos formos, mais divinos seremos. Certa vez, li abaixo de uma estampa de Cristo crucificadado: "Tão humano assim, só podia ser divino." Cultivemos nossa humanidade. Formemos, em nossos filhos, humanidade. E que ela se propague, pois só através dela, Deus se manifesta. Feliz de nós que ainda saímos mundo afora e saímos fora de nosso mundo, como esponjas, absorvendo a alegria e a dor e depois... manifestamos nosso apelo à vida e nossa indignação às coisas geradoras de morte! Fazemos isto escrevendo. É o nosso jeito, ou pelo menos, um deles. "Sei que meu trabalho é apenas uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor." (Teresa de Calcutá). Amo você.