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Maricá - Itaipuaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Sou poetisa, cantora, compositora e amante das artes.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

ANO NOVO (Beatriz Oliveira)


Mais um ano se passou... Trezentos e sessenta e cinco dias de batalhas, medos, sonhos e esperança. De nada adiantaram as promessas feitas sob o brilho dos fogos de artifício, sob as lágrimas de desespero e expectativa.

De nada adiantaram os desejos e aspirações, a abertura dos porões, as flores no mar... Este ano foi igual ao que passou!

Mais um ano de dificuldades e frustrações e, principalmente, de solidão. Mais um ano de lutas perdidas, contra a tristeza, o pavor e a cama vazia.

Amanhã, todos se abraçarão, jurando terem esquecido as ofensas, as dificuldades e dizendo que o ano vindouro será bem melhor.

Mas tudo não passa de mero sonho! As pessoas voltam a brigar, a chorar, a sofrer, a agredir e a perceber que nada mudou. Foi assim no ano que passou...

Há cerca de cinco anos, percebi a mentira que envolve o ano novo. Mais uma em meio a tantas que nos cercam.

A gente deseja tudo de bom, Mas não é assim que funciona. Crianças continuam sendo molestadas, pessoas sendo mortas, drogas e armas vendidas sob os nossos narizes. Compramos coisas e continuamos infelizes.

E o novo ano vem assim, marcado de incertezas e certezas absurdas.

Simpatias e oferendas não fizeram a vida melhor. Sequer nossas falhas atitudes fizeram-na assim.

Mais um ano se passou e não fiz nada diferente...

Trabalhei, chorei, esperei e mais nada. Nenhum plano concretizado, nenhuma conquista ao porvir. Pra mim, não há ano novo.

Só o mesmo tempo que se prolonga, indefinidamente, até a gente partir.

domingo, 28 de dezembro de 2008

FOLHAS (Beatriz Oliveira)


Folhas verdes, folhas amarelas,

Folhas dentadas, folhas banguelas,

Folhas vermelhas de imaginar o sangue,

Folhas molhadas, espalhadas no mangue.

Cem folhas de flandres, sem folhas nos Andes,

Mil folhas no doce, mil folhas em Londres.

Folhas de seda no caderno,

Folhas de coca no meso-inverno,

Folhas de ouro no anel do amor,

Folhas rasgadas de pura dor.

Folhas lisas, boas pra escrita,

Folhas do espelho que me faz bonita.

Folhas caídas no outono vigente.

Gente das folhas... Folhas da gente...

AO MENOS ASSIM (Beatriz Oliveira)















Eu sonhei viver por você...

E tantas lágrimas derramei,

Por não te ter.

E somente a sua lembrança

Me fazia sentir em casa.

Eu sonhei como ninguém sonhava.

E é tão difícil acordar e não te encontrar,

Porque ainda está escuro.

Eu vou chorando toda a água

Que há no mundo.

E as lágrimas me limpam

De toda a inverdade e de todo mal.

Vivo a conversar comigo mesma

E a me contar os seus segredos,

Pra não me sentir só.

E vivo mentindo,

Dizendo que você vai chegar,

A qualquer momento,

Pra deixar você à vontade,

Pra realizar tantas coisas sem mim.

Ver você assim, me faz mais viva.

Estou chorando abundantemente,

Porque não me falta água,

Quando você não está aqui.

O meu choro será o teu recanto,

Quando você quiser chegar.

Estarei sempre sonhando,

Vivendo por você

E derramando quantas lágrimas

Forem necessárias pra me sentir viva,

Ao menos assim.

DESCONHECIDO (Beatriz Oliveira)

Em cada sonho noturno, revejo os desejos e imagens,

E tudo que eu vivo carrega a tua essência,

Com profundidade e ardor.

Nas escassas caminhadas e na eterna depressão diurna,

Atiro contra mim mesma, tendo resvalados os tiros a esmo.

Teu sorriso me atinge mais certeiro que a arma.

Ma armo até os dentes e até aos dentes tu me desarmas,

Sorrindo-me e me fazendo sorrir,

Como criança que nada quer,

Como escroque que quer o que não tem.

Em cada pensamento noturno, revivo teu cheiro,

E tudo o que vivo é, de fato, a esperança do teu gosto.

E nos telefonemas diurnos, te vivo no meu próprio rosto,

Reflexo do espelho, onde desejo te encontrar.

sábado, 27 de dezembro de 2008

QUASAR (Beatriz Oliveira)
















Que mistério envolve esse corpo?

De onde vem? A que veio?

Por que vibra tão seguro

Em seu enleio?

De que é feito esse corpo,

Tão leitoso e tão prateado?

Por que brilha

Num bailar tão desnudado?

Que certezas traz consigo

Essa estrela falsa,

Mais radiosa que uma galáxia inteira?

Sem ser verdadeira,

Encerra toda a verdade,

Todo som, toda onda...

É recepção...

É transmissão...

É quasar...!

É surpresa e emoção

É a grande inspiração

Do todo que eu quero cantar.

QUERIDÍSSIMAS MULHERES


Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção. Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual. Isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas. As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas.....


Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As muito magrinhas que desfilam nas passarelas seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays, odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas, e agridem o corpo que eles odeiam, porque não podem tê-los. Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato são equivalentes a mil viagras. A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa.. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor. As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas.


Por que razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras, e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão, e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas é como ter o melhor sofá embalado no sótão.


É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulímica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.
Entendam de uma vez! Trate de agradar a nós, e não a vocês, porque nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.


As jovens são lindas... mas as de 30 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por Karina Mazzocco, Eva Longaria, Angelina Jolie ou Demi Moore, somos capazes de atravessar o Atlântico a nado.


O corpo muda... cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas, que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto, uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento, ou está se auto- destruindo. Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio, e sabem controlar sua natural tendência à culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (não se sabota e não sofre); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.


Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra,testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol', nem em spa... viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos. Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se! A beleza é tudo isto. Tudo junto!



Assinado: UM HOMEM


NÃO COSTUMO COLOCAR TEXTO SEM DECLINAR O NOME DO AUTOR, ENTRETANTO NÃO SEI QUEM ESCREVEU ESTE AQUI. DADA A SUA IMPORTÂNCIA, RESOLVI COLOCÁ-LO MESMO ASSIM. O AUTOR QUE ME PERDOE.

SE (Beatriz Oliveira)

Se você me visse...

Se me notasse...

Se se interessasse pelo meu calor;

Se você quisesse...

Se se declarasse,

Se valorizasse todo o meu amor;

Se você sonhasse com meu beijo doce...

Se telefonasse querendo me ver,

Eu correria para os seus braços.

Se você quisesse seguir os meus passos,

Eu te fartaria de amor e prazer.

Se você dissesse que me ama tanto

E que a saudade em si é um fato,

Eu te ligaria agora, pra ouvir sua voz.

Mas “se” não ganha campeonato.

Como você não “se”,

Eu paro no ato!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Emily Dickinson


Para encher um vazio
Ponha de volta Aquilo que o causou.
Baldado cobri-lo com outra coisa

— sua boca vai mais se escancarar —
Não se pode soldar o Abismo com ar


Tradução de Aíla de Oliveira Gomes

COR-RESPONDÊNCIA (Elisa Lucinda)


Remeta-me os dedos
Em vez de cartas de amor
Que nunca escreves, que nunca recebo.
Passeiam em mim estas tardes
Que parecem repetir o amor bem feito
Que você tinha mania de fazer comigo.
Não sei, amigo, se era o seu jeito ou de propósito,
Mas era bom, sempre bom e assanhava as tardes.
Refaça o verso que mantinha sempre tesa
A minha rima firme.
Confirme o ardor dessas jorradas
De versos que nos bolinaram os dois a dois.
Pense em mim e me visite no correio
De pombos onde a gente se confunde.
Repito: Se meta na minha vida
Outra vez, meta,

Remeta.

AMOR DE FATO (Beatriz Oliveira / Natallino Neto)

Amanheceu
E nem sequer eu vi a noite passar por aqui,
Sempre passageira.
O sol nasceu e eu não quero nada
Além da água: meu corpo e o teu.
Não há que se falar no amor que a gente fez,
Cheio de sons, feito a voz do mar.
Não há mais tempo pra gente sair,
Nõ há mais medo de se conduzir um novo tempo.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

INEVITABILIDADE (Beatriz Oliveira)


Há coisas que conhecemos na vida, através dos outros, de suas opiniões, de suas vivências, seus medos, suas atitudes...

Normalmente, esse aprendizado se dá, ainda, na infância: "não ponha o dedo aí, isso dá choque!", "não brinque com fogo! Vê essa marca aqui? É de uma queimadura.", "não seja tão indelicada! As pessoas se magoam e isso é muito feio!", "não se toque e não se deixe tocar! O sexo é um pecado, tão sério que originou a expulsão do homem do paraíso celeste!", "não reclame da sua vida, nem tente modificá-la! Nós temos o que Deus nos deu e Ele não gosta de ingratidão!"

Durante muito tempo, tentamos agir de forma a não contrariar aqueles conselhos dados por pessoas próximas. Mas, em determinados momentos, nos questionamos acerca do motivo pelo qual tudo aquilo é proibido e perigoso ou desagradável, já que faz parte da vida, faz parte da gente, do que a gente sente.

A curiosidade, a raiva, o sexo, a ambição... Tudo isso faz parte de nós, mas nós aprendemos, desde cedo, a esconder.

A maioria de nós segue as dicas, sem contestar. Às vezes, algumas de nós teimam em pôr o dedo na tomada e tomam choque mesmo. Algumas das que tomam choque, nunca mais põem o dedo na tomada e passam a seguir, à risca, os conselhos daqueles que "sabem de tudo, afinal acertaram sobre a tomada!" Outras, porém, após o baque, pensam: "Nossa, eu tomei um choque mesmo! Minha mãe tinha razão! Mas, afinal, não foi tão ruim... Foi rápido, suportável e, agora, tenho a sensação de conhecer, por mim mesma, o choque. Isso é legal!"

Outras põem o dedo na tomada e não tomam choque nenhum. Não entendem o porquê, pois consideram que os "sabe-tudo" jamais mentiriam, mas desconhecem o fato de que aquela tomada, por algum motivo escuso, estava desligada, por isso não deu choque.

As mulheres que seguem as dicas, desde o princípio, vivem vidas monótonas e sem experiências próprias, pois vivem temendo o que aconteceu na vida de outras pessoas e acreditam que, se não seguirem os conselhos ouvidos, naufragarão num mar de "choques", ignorando que os mesmos poderiam não acontecer nas suas vidas, ignorando o mais importante de tudo: Todas nós naufragaremos num mar de choques, durante a vida, seguindo ou não os conselhos!

As mulheres que teimam em colocar o dedo na tomada e levam o choque, vivem, por si mesmas, a experiência da eletricidade e podem dizer: "Eu pus o dedo ali e tomei um choque!" e não: "A minha mãe disse que tomou um choque ao colocar o dedo ali.", mas, no fundo da alma, pensam: "Será que a minha mãe tomou o choque ou está dizendo isso só pra me impedir de experimentar?" E a dúvida é o pior dos sentimentos!

Há aquelas mulheres que, ao tomar o choque, ficam tão desesperadas que pensam: "Meu Deus! Nunca mais vou colocar o dedo ali! Nunca mais vou contestar!" e acabam ficando como aquelas primeiras. Ficam pra sempre presas ao "pré-conceito". Por outro lado, há as mulheres que, ao sentirem o choque, não ligam muito. O choque é relativamente fraco, não dói muito. Pelo que ouvia dizer, o choque parecia ser uma coisa desesperadora, insuportável, sobre-humana... E não foi assim. Foi dolorido, mas passou rápido e valeu a pena aprender que, se algum dia, for necessário, em sua vida, tomar um choque no dedo para resolver alguma coisa, ela optará pelo choque.

Essas mulheres aprendem que, às vezes, é necessário tomar choque para se conseguir coisas na vida. Às vezes, é necessário brincar com fogo e se queimar um pouquinho (ou muito), para conseguir uma coisa mais importante que o seu próprio “dedo” e, quando olhar para a cicatriz, se lembrar do quanto foi difícil conseguir algo e valorizar, por demais, esse algo, já que lhe custou uma cicatriz. Às vezes, é necessário fazer e/ou dizer coisas que magoam as pessoas, em prol de si mesmas, pois essas mulheres aprendem que negar a si mesmas é negar ao seu próprio Criador e que esse Criador não vai ficar chateado se elas aprenderem a se defender sozinhas. Aliás, Ele vai ficar, até, feliz por não precisar se preocupar com problemas menores, quando tem um monte de guerras e miséria pra resolver.

Essas mulheres aprendem que, às vezes, é preciso se tocar, porque o fato de estarem sozinhas as deixa muito vulneráveis e o conhecimento do próprio corpo e o prazer que esse conhecimento proporciona lhes dão uma sensação de poder sobre si mesmas. Mas elas também sabem que, às vezes, é necessário deixar-se tocar, porque, nem sempre, o seu próprio toque as remete àquilo que elas mais desejam: a união com a sua alma inteira, completa. Às vezes, elas se sentem culpadas, impuras, por se tocarem e por se deixarem tocar, mas esse sentimento vem daquilo que elas aprenderam, quando pequenas. E percebem que as pessoas entenderam de forma errada a mensagem. O maior pecado não é o sexo, é o sexo pelo sexo, sem calor, sem amor, sem paz.

E, quando elas percebem isso, começam, realmente, a se conhecer e a se respeitar. Aí, sim, começa o processo real de amadurecimento. Elas começam a se preparar para tomar um choque necessário, começam a usar luvas de amianto antes de colocar as mãos no fogo (porque elas colocam!). Elas começam a escolher as palavras para dizerem “E-XA-TA-MEN-TE” o que querem dizer, sabendo que podem magoar, mas que isso, às vezes, é necessário, para que os outros também aprendam a respeitar o seu espaço. Elas se tocam e se deixam tocar, sem culpa, se entregando a cada evento, objetivando o re-conhecimento do Templo Divino, onde Deus colocou uma sua centelha, objetivando a religação consigo mesmas e com o seu Deus interno. Elas começam a questionar as suas condições de vida, não com o objetivo de serem ingratas com Deus, mas para fazerem “render” o tesouro que Ele lhes depositou em mãos, para crescerem e serem felizes e fazerem os outros felizes, porque esse é o real objetivo das mulheres no mundo!

Normalmente, essas mulheres são vistas como anarquistas, feministas, insensatas, inconstantes, quando, na verdade, são apenas elas mesmas, são aquilo que a sua alma sempre pediu, mas que o mundo nunca lhes permitiu. Mas essas mulheres não querem mais saber do mundo. Vivem nele, tudo bem, mas não precisam viver por ele. Vivem por si mesmas.

Nesse momento, é que a vida costuma dar a última lição a essa mulher... Quando ela se sente dona de si, responsável por sua vida (e, às vezes, por outra vidinha que começa), quando ela se sente forte e capaz de resolver seus próprios problemas e de viver independente das convenções (porque ela pode!), aí ela conhece um homem.

Esse homem a faz sentir choques, não apenas no dedo, mas no corpo inteiro, somente em olhar pra ele. E ela sente odores que nunca sentiu em sua vida. Ouve sons que nunca ouviu, pensa em coisas que nunca antes pensou. Ela começa a agir de forma diferente de tudo o que aprendeu: nada de convenções ou de peculiaridades! Ela sente um fogo que queima, não só a mão, mas seu corpo inteiro, somente em pensar naquele homem. Ela começa a dizer coisas, de si mesma, que nunca imaginou que diria, porque são coisas que julga perigosas para si. Ela começa a se tocar, não como antes, solitária, mas de uma forma mais ampla, mais completa, porque o toque, agora, não envolve somente o corpo, envolve o pensamento, a alma, é transcendente! Ela começa a querer modificar a sua vida. Começa a maldizer o que fez, achando que seria mais fácil viver se, no passado, tivesse agido de outra forma, esquecendo-se de que nada acontece por acaso e que não adianta querer mudar o passado, mas que se deve viver o presente, construindo um futuro, sem se preocupar muito com ele, porque ele pode vir ou não. Essa é a fase da descoberta!

E, quando ela pensa que está sendo madura e firme, o homem a desmascara e diz, com detalhes, tudo o que ela está pensando e o porquê. Parece que pensam juntos. E ela sente medo e raiva: “Como ele pode saber tanto de mim? Ele não tem esse direito!” Essa é a fase da revolta, durante a qual ela pensa em lutar com esse homem, até o fim de suas forças, e pensa em manter a sua vida como está, sem medos, sem novidades, sem altos e baixos. Mas o desejo de aventura e crescimento é tão grande, que logo chega a fase da resignação, quando ela percebe que tudo o que ela quer é ser descoberta, desmascarada, para ser ela mesma, não só para si, mas para o mundo também. Então, ela desiste de lutar e se entrega. E somente nessa entrega é que ela se encontra e encontra seu verdadeiro lugar no mundo. Ela descobre a inevitabilidade. Ela descobre que essa inevitabilidade a perseguiu durante toda a sua vida e que de nada adiantou lutar contra os seus desígnios, de nada adiantou lutar contra as convenções, de nada adiantou lutar contra as pessoas e, às vezes, até, contra si mesma, porque as coisas continuam acontecendo como sempre aconteceram.

A mulher nasce e cresce dentro de um turbilhão de informações que não servem pra nada, exceto para serem contestadas. Quando contestam, as mulheres aprendem o valor da vida conquistada e não oferecida. Quando descobrem isso, tentam absorver e aproveitar tudo o que a vida lhe oferece, com independência e, quando pensam que estão livres, se deixam aprisionar, por vontade própria, desdizendo e contrariando tudo aquilo pelo que lutaram a vida inteira.

Acho que essa é a verdadeira natureza da mulher: lutar até a completa exaustão, vencer, descobrir, frustrada, que a vitória mundana não lhe serve pra nada, se desesperar, como o cão que persegue a roda de um carro em movimento, e perceber que, quando o carro para, ele não sabe o que fazer. A verdadeira mulher não sabe o que fazer com suas vitórias mundanas! A mulher nasceu para o sublime, para o invisível, o etéreo, o imaginário e, quando percebe isso, a mulher madura prefere fingir que perdeu, entregar-se ao seu senhor, para ser sua senhora, não na vida ou na cama, mas na alma do homem que escolheu (porque, sim, ele foi escolhido!) e para viver plenamente a sua verdadeira natureza.

Por isso Eva foi tirada da costela de Adão, para entender que não é maior, nem menor que ele, somente diferente. Adão, feito do pó da terra, nasceu para a terra. Eva, feita do corpo de Adão, nasceu para ele e somente ao seu lado poderá encontrar a sua unidade. Mas não qualquer homem! Não! O homem que saiba dar “choques”, cuja lembrança remeterá a inteligência infinita da mulher ao seu princípio, aos seus medos e frustrações, às suas lutas e às suas vitórias. Cuja lembrança manterá viva em sua alma a certeza de que é necessário lutar para aprender que a luta não é necessária e que a única coisa realmente necessária é o seu verdadeiro amor.