Quem sou eu

Minha foto
Maricá - Itaipuaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Sou poetisa, cantora, compositora e amante das artes.

sábado, 24 de outubro de 2015

O CAPITALISMO E A CULTURA DA DOENÇA - Beatriz Oliveira



Eu sei que pode parecer exagero, mas não é!
Vivemos em uma época de grandes descobertas científicas, liberdade religiosa, casamento gay, guarda compartilhada e, desafortunadamente, de venenos.
Relembrando o passado, na época dos meus bisavós, os adultos fumavam cachimbo ou cigarro de palha, bebiam pinga, cozinhavam na lenha usando banha de porco como óleo e como conservante de carnes em geral. As crianças comiam as frutas que tiravam do pé, verduras plantadas no quintal e compotas de frutas.
Além de tudo, os adultos costumavam se reunir com parentes e vizinhos para cantar e dançar nas serestas, pulavam o carnaval de rua e andavam pela noite sem medo. As crianças jogavam bola, andavam de bicicleta, brincavam de pique-esconde, pique-pega, queimado, cabra cega, carniça, passa-anel, salada mista e todas essas brincadeiras aconteciam nas ruas.
A carne era conservada em latas com banha e todo o resto, que hoje se põe na geladeira, ficava sobre a mesa até acabar.
O leite de saquinho, a manteiga de lata, os doces, o pão, o queijo, a mortadela, os sabonetes, o sabão de coco, a Minâncora, o Leite de Rosas, o Polvilho Antisséptico Granado, o Creme de Alface Brilhante, nada disso tinha prazo de validade! Pasmem! As pessoas comiam e usavam, até acabar, e nunca se preocupavam com eventual dor de barriga, salmonela ou prurido.
Todo mundo tomava leite, a maioria, ainda quente do corpo da vaca e da cabra e ninguém tinha intolerância à lactose ou alergia. As galinhas criadas em casa bastavam pra alimentar a família e eram criadas com canjiquinha.
Hoje, as coisas estão bem diferentes! Os adultos fumam cigarros industrializados, que contém mais de quatro mil substâncias nocivas, tomam vários tipos de cachaça, cerveja, vodka, whyski, vinho, etc, usam óleo de soja, de canola, de milho, de coco e outros para cozinhar, se encontram em shoppings, casas de show e outras, moram em apartamentos, não conhecem o vizinho de porta e morrem de medo de bala perdida. As crianças jogam vídeo game.
Os meus bisavós e seus filhos não tinham depressão, crise de ansiedade, síndrome do transtorno bipolar, hiperatividade e uma gama de doenças que se vê hoje em dia.
Percebemos que a saúde dos meus bisavós e seus contemporâneos era muito melhor! Eles comiam comida mais natural, tinham o organismo mais resistente e as crianças não tinham tempo, nem motivo para sofrer. A evolução da obesidade e das doenças psicológicas em crianças, a meu ver, colhem origens na alimentação baseada em fast food e miojo, regada a refrigerante, e no fato de estarem presas em apartamentos, sem possibilidade de queimar a energia que possuem.
Com a decadência da psique e da saúde física, a baixa resistência e a imunidade ruim acabam gerando todo tipo de doenças, inclusive as alérgicas.
Jogam-se no lixo remédios e produtos caros, além de comida em bom estado de conservação, porque a indústria resolveu que agora tudo tem prazo de validade. As galinhas agora comem ração com bastante hormônio para acelerar o crescimento, as frutas, verduras e legumes têm o tamanho de um fusca, graças aos agrotóxicos e manipulação genética, tudo para evitar as doenças! Mas os porcos receberam o grande título de vilão da gordura, porque criar porcos é mais fácil do que criar bois, demanda pouca dedicação e pouco espaço. Não podemos correr o risco de dividir os lucros dos grandes latifundiários, com gente que cria porcos no quintal. Precisamos colocar venenos nos vegetais, para que eles cresçam muito e pareçam mais apetitosos e saudáveis do que aqueles plantados em pequenas hortas caseiras.
Hipertensão, diabetes, trombose, alergias, intolerância ao glúten e à lactose, colesterol alto, obesidade... Mas como? Pagamos caro pela tecnologia que diz que devemos comer margarina, óleo de coco, sal do himalaia e cereais integrais e continuamos doentes!
É muito triste reconhecer, mas estamos sendo aviltantemente manipulados! E há muito tempo! A palavra de ordem é comprar e qualquer coisa diferente disso é vista como algo alienígena.
Tudo isso é só para dizer que parto normal é o que Deus inventou e dói o quanto a mãe aguenta. Senão não haveria tantas mulheres parindo todos os dias nos hospitais da rede pública. Sim! Na rede pública só se faz cesariana se houver risco de morte da mãe ou do bebê. Sabe por quê? Porque a cirurgia é mais custosa para o Governo. Mas como algumas mulheres têm planos de saúde particulares, os médicos que querem ganhar mais pela cirurgia e não querem ser aborrecidos de madrugada, indicam a cirurgia, sob todo tipo de alegação estapafúrdia.
Também para dizer que nossa raça miscigenada não possui, no estômago, as enzimas necessárias à quebra das moléculas de lactose. Mas os bezerros têm! Porque o leite da vaca é para os bezerros. E os bezerros não tomam leite a vida toda! Terminado o período da lactação, eles começam a comer as folhas que lhe dão sustento. Por que os adultos humanos precisam tomar leite a vida toda, se o grande álibi dessa história, o cálcio, pode ser encontrado em brócolis, sardinha, espinafre, gergelim, soja, grão de bico e outros alimentos naturais?
Porque os produtores, industriais, comerciários e marqueteiros precisam ganhar a vida! E mais do que ganhar a vida, eles precisam enriquecer! E fazem isso enganando as pessoas e fazendo-as adoecerem, a fim de, inclusive, alimentar a indústria farmacêutica.
Tudo isso também é para dizer que procurem informações reais acerca do que estão ingerindo. Eu caí no conto do vigário...
Comecei a fazer uma reeducação alimentar. Há três meses, estou comendo de três em três horas, poucas quantidades e alimentos selecionados. Sabe aquela dietinha que os gordos fazem a vida inteira? Três colheres de arroz, três de feijão, quatro de legumes massudos e verdura à vontade. Pão de manhã e à tarde. À noite frutas. Como posso comer pão duas vezes ao dia, optei por trocar uma dessas refeições pelo cereal integral e comprei Nesfit. Bem, ele é feito de trigo, arroz e milho integrais, tem vitaminas e sais minerais e a propaganda é ótima! Operação Biquini em quatorze dias!
Ao final de dois meses de dieta, meu exame de sangue acusou cento e vinte de glicose. Fiquei possessa e fui ler a caixa do Nesfit: açúcar! A minha única fonte de açúcar em dois meses, já que aboli o refinado e passei a usar adoçante. Como é que se pode emagrecer em quatorze dias comendo açúcar todos os dias?! Como eu fui boba...
Mas é assim mesmo. Come açúcar, aumenta a glicose, toma metformina, não emagrece, toma sibutramina, fica ansiosa, toma rivotril, fica com a memória ruim e depressão, toma fluoxetina e por aí vai. Tudo isso somado ao estresse do trabalho, o pânico de ser assaltado e a vergonha de não poder pagar as suas contas, mesmo trabalhando como um condenado.
Quem é que pode negar que a cultura da doença seja a filha dileta do capitalismo?
Reconheço que é impossível sair ilesa desse processo, mas me nego a sair extremamente ferida, somente aceito pequenos arranhões. Porque a vida é assim: uma sucessão de escolhas que determinam quem você é agora e quem será daqui a vinte anos.
Eu tenho optado pelas coisas mais naturais, embora tardiamente, por ignorância completa. Escolho a natureza porque daqui a vinte anos quero ser viva!

Um comentário:

Carracena disse...

Brilhantes colocações! O pior para mim foi ter descoberto que dos açúcares, o pior para nós é a frutose como aditivo, pois é ela que vira gordura! Mas, está escrito "açúcares" nas embalagens! Como vou saber se é glicose ou frutose?!!!!!