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Maricá - Itaipuaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Sou poetisa, cantora, compositora e amante das artes.

sábado, 24 de julho de 2010

Um olhar opaco pode ser repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, mas não há plástica que resgate seu brilho. O que dá brilho ao olhar é a vida que a gente opta por levar.

- autor desconhecido -

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O MAR QUE VAI - Beatriz Oliveira


Quando em sonho, teu olhar é espuma no espalhado

Verdejante, estonteante e contundente mar de amar.

Quando em carne, é veio de esmeralda clara, misturado,

Verdeazul, que me deixa o corpo nu e a cabeça a marear.



Penso tanto em quê se passa sob as águas do alheado véu:

Quisera, quem sabe, um tantinho de amar-me a rima,

Ou, talvez, amar a mim, um pouco, e ter-me num cordel.

E ser eu a quem te doas, aquela que a teu ser sublima.



Quisera tanto, tantas coisas vãs, nesse mar que vai...

Vai em ondas que tergiversam, num riso aberto de sal

Inundando aquelas páginas de mim, entrecortando tudo.



Vai, manso, arrastando areia, pedra, sangue. Nem vê. Vai

Verdejante, sorridente, serpentino, bailando um rumo especial.

Espalha maresia, encanta, sorri um talho de fogo e vai mudo.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

DEMOCRACIA

Queridos amigos,
há algum tempo atrás recebi uns e-mails falando que, caso haja mais de cinquenta por cento de votos nulos numa eleição brasileira, ela será anulada. Não divulguei essa informação porque ainda não tinha verificado a veracidade dela. Pois bem, verifiquei-a e, de fato, isso ocorre.
Nos e-mails que recebi, ainda havia a informação de que a nova eleição, após a anulação da primeira, deveria ocorrer com novos candidatos, diferentes dos que integravam a primeira. Essa informação não foi ratificada por mim. Pode ser que algum de vocês consiga me ajudar.
De qualquer forma, só o fato de anular uma eleição por mais de metade dos votos nulos, já demonstra a insatisfação do povo com os candidatos em tela e, portanto, deve impulsioná-los a novas propostas e atitudes, assim creio. Quando não a uma nova visão em relação a esse povo que já não se mostrará mais tão pacífico assim...
Diante disso, venho solicitar a vocês que visitem, reflitam e repassem a todos os seus amigos o link que do CMI - Centro de Mídia Independente Brasil, onde há a explicação clara da questão da anulação e sua fundamentação, com jurisprudência.
Talvez uma atitude desse porte possa dar início a alguma ação nesse país, ao invés de só palavras...
Obrigada,
Beatriz Oliveira


http://www.midiaindependente.org/pt/red/2006/09/359874.shtml

terça-feira, 13 de julho de 2010

AMOR X MEDO Beatriz Oliveira


... Imaginou-se atravessando desertos secos e montanhas íngremes,

Vales expostos e cheios de predadores ferozes,

Correndo, lutando, gritando, ferido...

...Imaginou-se faminto, arrastando-se, implorando, sem voz...

Imaginou-se sem forças para abrir os olhos, de dor, de ardor.

Imaginou tanto e tanto temeu,

Que morreu sem conhecer sentimento...

Morreu sem viver...

domingo, 4 de julho de 2010

CÂNTICO NEGRO - JOSÉ RÉGIO



"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.


Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!