Daqui, de onde olho, eu nada posso ver,
Além das luzes da noite.
Olhando da minha janela alta,
Vejo milhares de pequenas lampadazinhas
Espalhadas pela noite escura.
O vento frio me gela a pele e o coração lhe gela.
O vento foge, esperto, desperto.
Vejo faróis traçando retas de um rumo ignorado.
Para quê sabê-lo? Nada me fará retê-lo!
Não retenho nada. Nunca tive esse poder!
O gelo do frio retorna à minha alma...
Quisera uma janela baixa,
Uma noite clara, uma brisa morna, um rumo certo.
O saber eu não o quisera jamais!
Quisera não saber nada!
Quisera ser uma bela Sílfide e somente voar,
O inteiro dia, entre uma flor e outra,
Molhar levemente a asa num riacho manso,
Num insensato rasante, e sacudi-la, tonta,
Sorrindo-me de mim.
Quisera poder treinar o voo
E não mais molhar a asa, já na vez terceira,
Enquanto os Elfos e as Salamandras
Fazem festa e me aplaudem e eclodem
Em alegria plena e sem fim.
Quisera poder viver de amor e fantasia,
De dança e poesia, de música e magia.
Hedonismo, tão somente, sem tabus.
Mas a janela é alta e a queda perigosa!
Penso, então, que as lampadazinhas lá embaixo
Podem, eventualmente, ser Sílfides iluminadas
Que vêm, reunidas pelo propósito de resgatar sua rainha.
Enquanto as espero, ansiosamente,
Fecho a janela e durmo para acordar.
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