- As árvores, meu filho, não têm alma!
esta árvore me serve de empecilho…
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros… no junquilho…
Esta árvore, meu pai, possui minha alma!…
- Disse – e ajoelhou-se, numa rogativa:
“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
Assim como eu, muitos podem pensar que o belíssimo poema acima se refere a preocupação ambiental e sustentabilidade no planeta. Assim pensando eu, amei-o quando o li na exposição literária Palavra e Imagem, no Centro Cultural Rio de Janeiro dos Correios.
Procurando o texto para reler, em casa, descobri que, na realidade, o texto se refere a outra coisa...
O pai de Augusto dos Anjos teria engravidado uma sua empregada e tomou a decisão de obrigá-la a fazer um aborto. Quando Augusto soube da decisão do pai, escreveu o poema acima.
Amei-o ainda mais!!!
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