Você
só pode entrar nessa festa se você usar roupas bonitas e perfumes caros. Nós
não queremos saber onde você os comprou. Não queremos saber se foi com o seu
dinheiro, do seu marido, da sua mãe, nem se você roubou, mas você precisa estar
apresentável nessa festa.
Você
também precisa sentar de pernas fechadas e cruzar as mãos sobre os joelhos em
sinal de urbanidade, mesmo que, por dentro, esteja ardendo como um vulcão.
Abafe-o!
Você
deve desnudar a sua alma, mas não muito porque a nudez nos escandaliza. Ambas,
tanto a do corpo quanto a da alma expõem a nossa fragilidade, os nossos receios
e as nossas dúvidas quanto à nossa própria essência.
Seus
problemas não devem ser bobos. Problemas bobos nos irritam, porque achamos que
é perda de tempo ouvir você falar de coisas que resolveríamos num piscar de olhos
quando, na realidade, não conseguimos resolver os nossos próprios problemas.
Mas eles também não devem ser tão sérios, como que advindos de um passado mais
sujo do que o nosso. E quem vai decidir isso somos nós, porque nós não conseguimos
conviver com pessoas que estiveram no limbo. O limbo é como uma doença
contagiosa. Ninguém jamais saiu ileso de lá!
Nós
entendemos os problemas das pessoas e percebemos que cada um tem as suas
próprias necessidades, desde que essas necessidades não se choquem com as nossas
fôrmas, portanto entre na fôrma ou caia fora dessa festa! Nessa festa não há
lugar para passados fétidos, traições, fraquezas confessas, palavrões
escancarados. Nessa festa não há lugar para autenticidade.
Esse
é um baile de máscaras: todos sentados em volta do salão, segurando as mãos
sobre os joelhos em sinal de desespero, escandalizados com a sua dança nua e
escancarada, todos com medo de, um dia, serem pegos dançando nus e escancarados
no escuro de seus porões empoeirados, no fundo de seus próprios limbos de
hipocrisia.
(Em
homenagem a Tati – 08/11/2013)
Um comentário:
Tenho horror a hipocrisia! Palavras sabias!Bjs
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