Desde
que o mundo é mundo a violência povoa a mente do homem. Veja bem, os filhos do
primeiro homem criado por Deus protagonizaram o primeiro “vale-tudo” da
história da humanidade com desfecho fatal. E Abel levou a pior. Caim poderá ter
sido, talvez, o predecessor dos Gladiadores?
O
ser humano sempre gostou de sangue. Mesmo após a chamada civilização, todas as
disputas sempre foram realizadas à base da porrada. Mas esse privilégio era dos
soldados e dos bandidos. E, de certa forma, continua sendo, até hoje.
Entretanto,
a fim de saciar a sede do povo, e de diminuir a sua insatisfação contra os
desmandos do Império, os antigos romanos criaram os espetáculos de luta entre
os Gladiadores, onde, além do sangue, o povo recebia, também, pão de graça. Daí
advém a expressão “Pão e Circo”.
O
Gladiador era um escravo treinado para a luta. Dois Gladiadores se enfrentavam
no grande Coliseu, lutando até se ferirem gravemente ou até a morte de um
deles, dependendo do interesse do povo e do Imperador.
Dois
homens sem perspectiva lutando entre si, sem nenhum motivo, machucando um ao
outro até o sangue escorrer aos montes, com o único objetivo de divertir
pessoas que gostavam de ver o sangue escorrer, mas que não podiam fazê-lo pelas
próprias mãos, por ser ilegal.
O
que o povo desconhecia é que manter os Gladiadores e o “pão de graça” custou
caro e esse custo foi repassado ao próprio povo, em forma de impostos. Nada
parecido com a política atual de entretenimento, não é? Bilhões gastos com o
carnaval, estádios de futebol e “big brothers”, luta ou emagrecimento de
artistas, de desconhecidos que querem se tornar artistas ou de atletas
masoquistas.
A
grande verdade é que vivemos hoje, ainda, como sempre vivemos, sob a influência
de um sistema capaz de absolutamente tudo para lucrar, capaz de lançar mão,
inclusive, de artifícios antigos mas que ainda funcionam, como em alguns
países, as salas de observação da aplicação da pena de morte, em substituição
aos antigos cadafalsos. Afinal, em time que está ganhando não se mexe e, além do
já mencionado carnaval e dos jogos de futebol às quartas e domingos, a despeito
de todo o valor que o esporte brasileiro tenha em outras áreas, o sistema
conta, ainda, com as atualmente populares lutas de MMA.
Muita
gente pensa que está na moda, hoje em dia, essa coisa de MMA. Pra quem não
sabe, como eu não sabia até bem pouco tempo, a sigla vem do inglês Mixed
Martial Arts e quer dizer Artes Marciais Mistas. O jogo consiste em dois homens
lutando sobre uma estrutura octogonal, utilizando golpes e técnicas de vários
tipos de artes marciais. Se você pesquisar, a Wikipédia vai dizer que o MMA
teve origem no Pancrácio, a 648 D.C., evoluindo para o vale-tudo, por volta de 1930,
mas a verdade é que, se levarmos em conta o seu principal objetivo, a sua
origem remonta a 286 A.C., com os Gladiadores, como vimos acima.
O
que me espanta não é a preferência de determinados atletas pelo referido
esporte, se assim podemos chamar uma pancadaria generalizada que resulta em
feridas absurdas para ambos os lados. Freud explica. Melhor no octógono que nas
ruas. Embora eu ache a violência completamente absurda, mesmo que meio
engessada.
O
que me espanta de verdade é o fato de uma grande massa de pessoas idolatrar
esse esporte, sentindo prazer em ver dois homens ferozes se atacando e se
ferindo, sangrando-se, como se estivéssemos lá, naquele grande Coliseu, há
séculos atrás. Como se não tivéssemos aprendido absolutamente nada em todo esse
tempo de evolução. Como se ainda compuséssemos aquela horda de selvagens à
busca de vingança pela nossa dor, pela nossa frustração, pela nossa impotência.
E
o pior de tudo isso é ainda levarem, essas pessoas, as suas crianças para verem
tamanha violência acontecer, como se não fosse muito melhor levar as crianças
para ver uma exposição de arte, para soltar pipa, andar de bicicleta, ao
teatro, ao cinema, ao parque, à biblioteca, ao circo, ao Horto Botânico, para
viajar.
As
crianças são o futuro do mundo, mas elas aprendem o que nós ensinamos. Os seres
humanos que estão pelas ruas cometendo crimes foram crianças sem assistência e
educação adequada. O mundo está cada vez pior e nós só sabemos reclamar das autoridades
e criticar, mas não fazemos nada a respeito.
A
melhoria da vida começa dentro de casa! Com a nossa postura e, principalmente,
com a educação que nós damos às nossas crianças. Se a violência lá fora está
desmedida, a culpa é nossa!
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