Escuto a tua voz, o teu sorriso, o teu olhar.
Sim, o teu olhar fala comigo
Tal qual teus lábios quentes e mudos.
E, somente em sonho doce e arquejante,
Serás sempre capaz de ouvir o que eu te digo.
Então não digo nada, só observo.
Olho a tua figura quase impune,
De quem o tempo tem compaixão serena,
E penso que talvez tenha tocado Adônis
Com a minha mão relutante e pequena.
Mas eu não sou Afrodite...
Por isso não digo nada, só me lembro.
Lembro de quando voltei a ser menina e tive medo
Pela tua força e pela tua beleza.
De quando a minha voz foi absorvida
Pelo teu silêncio e pelo nosso segredo.
Dos desejos que não precisam
Ser verbalizados para se liquefazerem.
De tudo me lembro em silêncio absoluto!
Mas minh’alma grita pelos olhos, ávida,
Um desejo embrião ainda, irresoluto,
Que mesmo não nascituro,
Far-me-á, com certeza, uma mulher impávida!
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