
Há uma camisa de força apertando meu peito.
Enrola-me os braços, as mãos, os dedos,
Prende-me o pescoço, o queixo, a boca.
Somente meus olhos podem falar por mim.
Ando por aí, presa, clamando com os olhos,
Pelo ar que já não existe à minha volta.
Por mais que tente, eu não posso respirar.
Minha agonia é tomada por torpeza,
Pretensão e loucura e ninguém vê
Que é verdade: sua ausência é a camisa.
Quero despir-me e andar nua de ausências,
Nua de solidão, de tristeza, nua de insônia...
Quero vestir sua camisa de malha azul clara
E andar pela casa, com os braços soltos,
Com os seios soltos, prontos para a sua boca.
Quero respirar leve, livre e adormecer de cansaço
Depois de suar na camisa.
Eu só preciso que você desate o nó, nas minhas costas...